Livro digital para criança, pode?


Pode, claro que pode. Não significa que seja bom.

Quando lancei meu livro, algumas pessoas me perguntaram se eu não ia lançar uma versão e-book. Eu decidi que não, e vou te contar porquê, junta aqui.

Nem vou fazer aquela introdução sobre como a tecnologia tem entrado nas nossas vidas. Se você tá lendo esse blog, é claro que já vive isso né. A questão que levanto aqui é: quanto a tecnologia tem invadido a infância.

Só para fins de consenso: nesse post estou me referindo a crianças entre 0 e 10/11 anos. Sabemos que nessa fase da vida a leitura é basicamente entretenimento. Lá pelos 7 anos começam as pesquisas para a escola e leitura funcional, claro, mas vamos falar da leitura de livros, de obras literárias.

Muitos estudos revelam que o cérebro humano só completa seu desenvolvimento lá pelos 20 anos de idade (Piaget é só um dos exemplos) e em paralelo há estudos que revelam um enorme impacto de telas no desenvolvimento cerebral, especialmente das crianças (dá uma olhadinha nesse link depois de terminar aqui).

No curso de pedagogia, entre muitas outras coisas, estudamos o desenvolvimento infantil (e estudamos muito isso, viu!) e é unânime nestes estudos a constatação de que para um bom desenvolvimento (em geral, incluindo neurológico) as crianças precisam, repito, PRECISAM explorar seus sentidos: tato, olfato, audição, equilíbrio, movimento, etc (sim, temos bem mais de 5 sentidos, um dia conto mais por aqui).

E sinto muito, papais e mamães tecnológicos: e-books não exploram mais que a visão (e no máximo, audição). Já livros físicos têm, alem das palavras escritas e das cores impressas, a textura do papel, o cheiro de livro (ahh, quem não gosta?), o movimento de virar as páginas e a experiência de conviver e cuidar de um objeto artístico / cultural.

Os pais podem ler e-books com seus filhos, mas se for um livro ilustrado, a qualidade de visualização das ilustrações na tela é bastante prejudicada. Quem já viu a diferença entre uma foto no computador e a mesma foto revelada, sabe do que tô falando.

Por essas e outras é que decidi não ter e-books dos meus livros para crianças. Quando elas crescerem, vão ter muitos e muitos anos para ler seus PDFs da faculdade e seus e-books no Kindle (eu leio muuuito por lá!), mas enquanto são crianças, vamos deixar elas experimentarem mais do mundo do que uma tela pode mostrar.

Podemos incentivar a leitura e trazer grandes histórias para os pequenos com livros e, se forem de papel, estaremos fazendo ainda mais!


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